Ser considerado um cara duro na queda (stand up guy) é uma das maiores honras que um homem honroso (made man) pode conseguir – enquanto está solto, nas ruas. Mas esse título é conquistado longe das ruas, numa cela, preso, longe de seus parentes. Quando você está em uma cela enquanto seus antigos amigos da máfia estão roubando adoidado sem você ver, é então que você decide se vai ficar calado. No final tudo se resume a um código pessoal de honra.
Nossa equipe pensou, por bem, que seria oportuno verificar quais dos mafiosos, que cometeram diversos crimes, permaneceram ligados a eles e receberam a devida punição sem tentar negociar seu caminho para a liberdade. Aqui está o nosso Top 5 não oficial:
5) Vic Amuso – da Família do Crime Lucchese
Vic Amuso tornou-se chefe dos Luccheses no final de 1986. Juntamente com seu consigliere/subchefe Anthony Casso “Tubo de gás” (foto: à esquerda: Amuso (1) e Casso (2)), foi escolhido a dedo por Antonio Corallo “Patos” – o qual já sabia que ele (Amuso) viria a passar o resto de sua vida na prisão por ter sido considerado culpado no famoso Caso da Comissão.
A Família do Crime Lucchese sob “Tony Ducks” era uma máquina de fazer dinheiro bem administrada e fluida. Uma vez que Amuso e Casso assumiram suas posições de liderança, a família rapidamente desceu ao caos. Alimentados pela ganância, pela desconfiança e pela paranoia, os dois homens começaram a matar um membro astuto (Wiseguy) da Lucchese após o outro.
Quando Casso obteve a notícia (de suas fontes corruptas dentro da força policial) de que ele e Amuso seriam indiciados no que foi rotulado o Caso das Janelas, ambos os homens entraram em fuga. Amuso deve ter ficado muito feliz por ter um amigo como Casso, que podia contar com conexões úteis, assim. Mas após quatorze meses como fugitivo, a polícia finalmente apreendeu Amuso, em um shopping, perto de Scranton, após um informante anônimo ter lhes dito a que horas o chefe Lucchese apareceria no shopping. Teria sido Casso quem dedurou seu amigo de longa data? Ele certamente estava em posição de saber quando e onde Amuso estaria. E, alguns anos mais tarde, provou não se importar em ser um informante quando se tornou testemunha cooperativa, dizendo às autoridades tudo o que sabia sobre a La Cosa Nostra, a fim de escapar da prisão perpétua.
Mas apesar de tudo isso, Vic Amuso se recusou a falar. Seu melhor amigo o tinha apunhalado pelas costas, mas essa foi “a vida” que escolhera. Ele não estava à procura de uma saída fácil para os atos hediondos que havia cometido durante sua longa carreira criminal. Em 1993, ele sabia que iria cumprir pena pro resto de sua vida – atrás das grades. Em 2017, aos 83 anos, ele ainda está lá.
4) Vincent Basciano – da Família do Crime Bonanno
Vincent Basciano (vulgo “Vinny Gorgeous”, ou “Vinny Lindo”, em português) amava a vida boa. Ganhando seu apelido por possuir um salão de beleza “Hello Gorgeous”, o gângster Bonanno sempre tentou estar com a melhor aparência possível. Para ele, isso significava roupas caras, um corte cuidadosamente mantido e um bom bronzeado. Se alguém tivesse que adivinhar quem se tornaria um rato (“preso”) em 2000, Basciano provavelmente estaria no topo de um monte das listas.
Operando a partir do Bronx, Basciano era conhecido como um homem capaz de assassinar. Foi uma das razões por que o chefe da Bonanno, Massino, decidiu entregar-lhe a posição de chefe de execução, quando foi preso. Apesar dos negócios corruptos do FBI com Greg Scarpa Sr. e James Bulger vulgo “Whitey”, a ideia geral de muitos criminosos ainda é a de que os oficiais federais não permitem que seus informantes cometam atos de violência.
Porém, no inverno de 2004, Basciano não estava mais operando nas ruas; antes, sentado, ao lado de Massino, na prisão. Vinny Gorgeous tinha sido acusado de uma série de casos de extorsão, incluindo assassinato, e estava enfrentando uma sentença de prisão perpétua. Na cadeia, os dois conversavam e conversavam. Massino expressava seu desejo de continuar conduzindo a “família” por trás das grades e pressionava Basciano em várias questões, incluindo assassinatos que havia cometido e estava planejando cometer. Basciano falou livre e abertamente; por que não o faria? Massino tinha sido enjaulado por uma longa série de mafiosos da Bonanno e, alguns meses antes, foi considerado culpado de extorsão. Ele estava já conformado por um longo tempo e nunca tinha mostrado qualquer interesse em cooperar em delações/informações. Então Basciano falou sobre ordenar o assassinato de Randolph Pizzolo, explicando como e por quê. Nenhum mal, até aí.
Exceto pelo fato de que, depois de ter sido declarado culpado naquele verão, Massino se juntou ao lado do governo e concordou em usar um grampo telefônico na prisão. Além da vida na prisão, Massino também estava enfrentando uma possível pena de morte pelo assassinato do capo Gerlando Sciascia. Para fazer tudo isso se dissipar, Massino decidiu entregar seu cão leal – “Vinny Gorgeous”. Os dois ainda discutiram planos para assassinar o promotor Greg Andres – advogado federal que processou todos os casos de Bonanno. Basciano não teve chance, nem assim.
Após vários julgamentos e veredictos de culpa suficientes sobre acusações de extorsão e assassinato, Basciano teve certeza de que nunca mais voltaria a pisar no salão de beleza. Mesmo uma possível pena de morte surgiu sobre seu crânio. Mas Basciano foi a julgamento, perdeu, e voltou para sua cela. Ele rolou os dados, ganhou muito dinheiro, subiu ao topo da máfia da família criminosa Bonanno, feriu muitas pessoas e, agora, estava disposto a pagar por seus crimes. Quem teria imaginado? Quem diria…
3) Dominick Napolitano – da Família Criminal Bonanno
Foi uma cena dolorosa. Lefty Ruggiero, personagem de Al Pacino no filme Donnie Brasco, descobre que seu protegido da máfia era um agente do FBI. Sua família mafiosa também ficou sabendo. E eles o chamaram para um encontro. Lefty sabia que não haveria reunião alguma. Apenas um assassinato. E com ele sendo a vítima. Ele havia apresentado o agente disfarçado do FBI à “família” e agora enfrentava uma sentença de morte por fazê-lo. Mas essa foi a vida que ele escolheu, em vez de ir ao FBI, ele deixou suas joias e carteiras em casa e foi para a reunião, rumo a uma morte certa.
O filme Donnie Brasco foi um grande sucesso e ainda é um favorito dos fãs. Embora baseado em uma história verídica, o filme misturou fatos e ficção para “fins dramáticos”. Não foi Lefty que foi para aquela reunião. Lefty, realmente, morreu de causas naturais, anos mais tarde. O homem que preferiu morrer a correr foi Dominick Napolitano “Sonny Black” (à esquerda), um capo da família do crime Bonanno, e interpretado por Michael Madsen, no filme.
Ao chegar ao ponto de encontro, Sonny Black foi empurrado escada do porão (de um associado da Bonanno) abaixo e baleado. Quando o primeiro tiro não o matou, Napolitano virou-se para seus assassinos, dizendo-lhes: “Me acerta mais uma vez – e faça direito”.
Como sabemos disso? Porque dois dos homens presentes no assassinato (um dos quais puxou o gatilho), mais tarde, se tornariam testemunhas do governo e testemunhariam junto ao tribunal.
2) Sonny Franzese – da Família do Crime Colombo
John Franzese, vulgo “Sonny”, é um verdadeiro mafioso dinossauráurico. Nascido em 1919, o cara passou mais de 25 anos na prisão. Em 1967, lhe foi imputada uma sentença de 50 anos por vários roubos a banco e, desde então, ficou saindo e entrando na prisão – devido a violações de sua liberdade condicional. E várias novas acusações.
Como membro da volátil família do crime Colombo, a vida não é fácil para Franzese. Sempre à passos furtivos sobre tulipas, uma vez que as facções Colombo estão geralmente em guerra por uma coisa ou outra. Mas Franzese não é o único que tomou e gemeu (tenha ficado bastante descontente quando seu filho Michael decidiu dar informação ao FBI sobre suas façanhas criminosas). Tão infeliz que se rumorejava que o repudiara.
À medida que envelheceu, seu coração amoleceu-se e, supostamente, estariam se falando de novo. Talvez porque o outro filho de Franzese, John Junior, tivesse virado evidência (ou delator) pro estado e testemunharia contra seu pai em um julgamento de desvios de dinheiro, em 2010. Ao menos o filho Michael não tinha ido tão longe.
Sofrendo acusações em dois casos isolados de pedaladas fiscais, Franzese foi condenado e sentenciado a oito anos de prisão. Com sua data de soltura marcada para 25 de junho 2017, ele é, atualmente, o único centenário preso – estando encarcerado desde meados dos anos 90. E isso ainda não intimidou o gangster idoso. “Eu morro lá fora, eu morro na prisão. Não me importa. Preciso morrer em algum lugar”, disse.
1) John Gotti – da Família do Crime Gambino
Diga o que quiser sobre John Gotti; não mudará o fata de ele ter levado seu juramento de silêncio muito à sério. Sim, ele foi pego na gravação de uma fita, discutindo os assassinatos que havia ordenado, assassinatos que havia cometido, ameaças, negócios ilegais e muito mais – mas nunca cooperaria com a polícia.
Como chefe, ele mesmo proibiu seus membros da família criminosa de se declararem culpados por qualquer coisa, a fim de obterem uma sentença mais baixa. Nenhum deles poderia fazer nada a respeito. Gotti era o chefe e ele, e seus parentes, deram o exemplo. Seu irmão Gene esteve (e ainda está) a cumprir uma sentença de 50 anos por comandar uma coligação de contrabando de heroína, ao passo que o irmão, Peter, está cumprindo 25 anos atrás das grades, e é improvável que saia da prisão vivo. Quanto aos outros Gotti’s (incluindo o filho de John, Junior), todos cumpriram ou estão cumprindo seu tempo de pena, também.
No final, ser um cara de pé, resiliente, é a única coisa boa que os jornalistas e mafiosos poderiam dizer sobre John Gotti Sr. Seu estilo impetuoso, tête-à-tête, extravagante trouxe muita atenção indesejada para a família do crime Gambino e enviou dezenas de membros astutos da máfia dos EUA para a prisão. Mas é provavelmente a única coisa que o próprio Gotti quereria ouvir. Se manter fiel ao código sagrado e às regras de La Cosa Nostra era seu maior objetivo. Depois de quebrar muitas dessas mesmas regras, pelo menos ele permaneceu fiel ao que todos nós conhecemos como “omerta”.
Ótima matéria, adoro seu site tem ótimas matérias e é bem informativo.
uma sugestão: Fale sobre o Filme “Era uma Vez na America” e sobre o livro que deu origem “The Hoods”, na minha opinião o filme é um dos melhores sobre a mafia, só perdendo para o Poderoso Chefão, e não vejo muitas pessoas falando sobre ele, e sobre o Harry Grey, o “verdadeiro” Noodles.
Obrigado Aleksandro, Vamos Sim!!!
Realmente um ótimo filme. Ele esta disponível na Netflix, lá tem ótimos títulos de filmes do gênero. Se o autor da pagina usar a Netflix, acho que seria interessante a pagina sugerir em sua pagina do Fb, porque não é fácil achar esses filmes, muitas vezes chegam através de sugestões por ter assistido filmes semelhantes. Até um ano passado tinha um documentário sobre a La Cosa Nostra la, que contava sobre tudo que eu já tinha lido e até sobre coisas que eu não sabia sobre Gotti, mas foi removido e eu não consigo me lembrar qual é o nome, então caso saiba me envie por favor.
Leonardo Amigo, obrigado pela sugestão, assim será feito!!! (https://www.youtube.com/watch?v=mjNrQ74mtNs&t=1s) – (https://www.estilogangster.com.br/filmes-de-gangster-e-de-mafia)