As aparências geralmente enganam. Isso nunca foi tão verídico quanto na vida dos gângsteres, a seguir. Quando alguém os olha, não vê, de primeira, caras durões. A pessoa não tem noção de que está olhando para assassinos. Ainda assim, todos esses caras foram tudo isso: Gângsteres frios e insensíveis que instilaram medo e respeito dentre, até mesmo, os homens mais assustadores. E isso apesar do fato de parecerem meros “mariquinhas”.
Número 4: O Ladrão de Banco Nelson Cara de Bebê
Não deixe a cara de bebê dele lhe enganar. O infame ladrão de banco Lester Joseph Gillis, mais conhecido como Nelson Cara de Bebê, era a personificação do terror. Aos 12, foi sentenciado a um ano no conselho tutelar (por um crime pelo qual o vice-presidente Dick Cheney recebeu “zero anos” de cadeia por também ter cometido) – disparou no queixo de um amigo com uma pistola que havia encontrado.
Quando saiu, ele rapidamente estabeleceu sua fama como homem de ação violenta, liderando seu próprio bando de ladrões de banco armados. Foi depois de uma ousada operação de roubo, em que roubou as joias da esposa do prefeito de Chicago, Bill Thompson, que recebeu seu apelido. “Ele tinha uma carinha de bebê”, disse ela à polícia sobre a aparência incaracterística de Nelson. “Ele era bonito, não era mais do que um menino, tinha cabelos escuros e estava usando um casaco cinza, e um chapéu de feltro marrom, inclinado para baixo.”
A partir daí a imprensa passou a fazer a festa com o apelido. Entrementes, Nelson o odiava! E seus sócios preferiam não chamá-lo assim na sua frente.
Por trás do rosto do bebê jazia um verdadeiro animal. Nelson enfrentava qualquer homem, qualquer ameaça em frente, quer fossem gângsteres ou da lei ― não importava pra ele. Durante seus dias, esteve envolvido em alguns tiroteios brutais com a polícia e agentes do FBI, resultando na morte de vários agentes.
Foi também dessa forma que o próprio estaria indo ao encontro de seu criador.
Ele era um homem caçado; não à toa, foi cunhado Inimigo Público Número Um. Em 27 de novembro de 1934, Nelson, sua esposa Helen e seu sócio John Paul Chase seguiram pistas e informações sobre o FBI na cidade de Barrington, perto de Chicago. Depois de uma curta perseguição, ambos os grupos rivais foram perfurados com a troca de balas.
Durante o tiroteio, Nelson foi atingido no total de nove vezes, incluindo no seu abdômen e pernas, mas continuou indo avante, disparando tiros nos agentes e, eventualmente, matando os dois. Os três então escaparam para uma casa isolada, onde Nelson sucumbiu às feridas de bala com sua esposa ao seu lado. Ele tinha 25 de idade. Ainda ostentando o rosto de bebê que escondia suas verdadeiras cores.
Número 3: Chefe do crime escocês Paul Ferris
Paul Ferris parece um contador britânico impecável. Sem mandíbula de aço, nenhum músculo à mostra através de seu terno, apenas um homem diminuto de Glasgow, Escócia, tentando chegar ao seu trabalho. Se ele se sentasse no trem ao seu lado, ele seria apenas um dos muitos passageiros rumo a um trabalho de merda onde ouve gritos constantes de seu chefe por gastar muito tempo na copa, discutindo Game of Thrones.
Mas Ferris não é esse tipo de cara. Não se grita com Paul Ferris. Bem, alguns o fizeram. Há muito tempo atrás. Mas pagaram por isso. Quando criança, Ferris foi brutalizado pela Galeses ― uma família local de bandidos. Os irmãos galeses eram presença notória no bairro de Glasgow, onde Ferris cresceu, acusados de estarem envolvido em vários crimes.
Os irmãos intimidavam Ferris sem piedade: bullying. Ficou tão ruim que o jovem desenvolveu a dermatose psoríase, que provoca nódoas de pele anormais, que coçam e se tornam escamosas.
Em dado momento, porém, Ferris se esgotou daquilo. Algo nele havia despertado e chegara o momento de soltar isso em cima dos irmãos galeses. Armado com uma faca ― a arma escolhida em Glasgow ― Ferris ficou insano. Ele cortou a garganta de um irmão e literalmente decepou outro.
Sua vingança nunca cessou, e como sua guerra contra a família Galeses continuou, ele chamou a atenção do chefe do crime de Glasgow, Arthur Thompson Sr., que recrutou o adolescente como reforço. Seria o início de uma carreira badalada no crime organizado. Thompson Sr. e Ferris eventualmente sofreram uma baixa após Ferris ter sido apanhado com heroína na casa de férias de Thompson Sr. Ferris sentiu que tinha sido corrigido pelo chefe do crime da escola primária.
Embora não tenha sido encontrado culpado quanto à acusação de drogas, ele ainda passou 18 meses atrás das grades. Quando foi solto, os dois homens estavam um pegando na garganta do outro.
As coisas aumentaram em proporção depois que o filho de Thompson, Arthur Jr., conhecido nas ruas como “Garoto Gordo”, foi morto a tiros em frente sua casa, em agosto de 1991. Ferris foi preso imediatamente após o assassinato, enquanto dois de seus amigos mais próximos foram encontrados baleados mortos no dia do funeral de Thompson Jr. O carro fúnebre na verdade passou ao lado do carro contendo os dois homens mortos.
Ferris estava bem na merda. Enfrentou acusações de porte de drogas e homicídio, e teve o maior lorde criminoso da cidade na sua cola, pelo assassinato de seu filho. As coisas não estavam cheirando nada bem. Especialmente quando o chefe do crime, Arthur Thompson, tomou posse do microfone no palanque e acusou Ferris de matar seu filho. Mas depois do julgamento mais longo e mais caro da história legal escocesa ― àquela época ― Ferris foi absolvido de todas as acusações.
De volta às ruas, Ferris se envolveu em negócios de empresas de segurança. Embora fosse um tipo negócio obscuro, fazia sentido. Dada toda a atenção e reputação de Ferris, quem seria estúpido o suficiente para f#der com ele? Mesmo ele parecendo um inofensivo figurante de uma comédia britânica de pegadinhas mudas como Fawlty Towers ou Mr. Bean.
Número 2: O Barão da cerveja Dutch Schultz
O que Schultz não tinha em aparência robusta, compensava com uma audácia gigantesca e seu temperamento feroz. Nascido Arthur Flegenheimer, Schultz foi iniciado roubando dados de crap games e contrabandeando cerveja durante a Proibição, primeiramente como motorista e, posteriormente, como o homem responsável pela coisa toda.
Como chefe, era bastante claro o que Schultz queria: tudo. Após tornar-se multimilionário inúmeras vezes ao longo dos anos em que a bebida fluia por meio de canais ilegais, ele ainda não estava satisfeito e mantinha os olhos abertos para novas oportunidades de negócios.
Quando a Lei de Volstead foi revogada e o álcool tornou-se legal novamente, Schultz pôs suas vistas nos desvios de jogo dos números, no Harlem. O jogo dos números ― similar ao jogo do bicho, mas relativo às corridas de jóquei ― era simples e altamente lucrativo. Os jogadores escolhiam três números, que eram escolhidos a partir do último número antes do decimal no volume total de apostas que era, diariamente, indicado nos jornais. Todos podiam jogar, e todos podiam ganhar bastante!
Mas o maior vencedor foi Schultz, após ter conseguido um associado para seu jogo. Schultz chegou a explicar que ele mesmo poderia alterar os números a seu favor, fazendo uma aposta certa no volume total de apostas no minuto final. Desta forma, Schultz poderia controlar quais números combinar-se-iam antecipadamente, garantindo lucros enormes.
Até então, o holandês Schultz era o homem estranho em uma Nova York dominada pelo La Cosa Nostra, as cinco famílias da Máfia ítalo-americana. Embora sua organização fosse grande e poderosa, não era párea para os italianos. E o jovem chefe do crime desconhecia desse fato; ele tinha se tornado uma espécie de relíquia. Já havia se passado os dias do volátil Al Capone e os ladrões de banco da zona centro-oeste. A Máfia tinha colocado as palavras “crime” e “organizado” juntas e tinham se disciplinado com bastante rigor para governarem. De repente, uma comissão composta por todas as famílias da Máfia passou a controlar o crime organizado na cidade e a decidir quem seria cortado ou não.
Nada disso foi passado para Schultz. Como todos os homens nesta lista, Schultz não era um cara para se esbarrar, nem mesmo “sem querer querendo”.
No entanto, o procurador Thomas Dewey dos EUA não recebeu tal “bizu” (dica) e, agressivamente, tentou condenar Schultz sob acusações de evasão fiscal. Com o calor da aplicação da lei intensificando, Schultz foi posto num beco sem saída. Teve de cortar o salário de seus homens para cobrir seus custos legais e teve que mover partes de suas operações devido ao escrutínio ampliado da polícia.
Já bastava. Schultz foi perante a Comissão e pediu permissão aos patrões para assassinar Dewey. Votaram contra abater o procurador americano por medo de uma repressão da lei, deixando Schultz indignado e isolado. Como ele deixou a reunião irritado e chateado, os chefes decidiram que ele tinha se tornado uma grande ameaça não só para o mantimento deles em sigilo mas também para suas vidas.
Ele tinha de ser morto.
Uma equipe de assassinato da Murder Inc. foi despachada e lidou com o trabalho. Na noite de 23 de outubro de 1935, o holandês Schultz foi baleado no Palácio Chophouse, em East Park Street 12, em Newark, Nova Jersey. Três de seus associados também foram baleados. Os quatro homens morreram todos, mais tarde, no hospital.
Número 1: Chefão da Máfia Carmine Persico
Olhar para fotos de Carmine Persico em seus dias mais jovens, pode ser perdoável se alguém achar que esteja olhando alguém do elenco de Vingança dos Nerds. Persico parece um pouco como o comediante Jerry Seinfeld, até. Ele certamente não se parece com um homem que alegadamente cometeu seu primeiro assassinato com a idade de 17. Ele também não se parece com um homem que assumiu o infame bando liderado por Gallo, vulgo “Joe Louco”.
Mas esse é o tipo de cara que Persico é, de fato. Histórias sobre suas ações criminosas e atos de revirar o estômago são lendários nas ruas de Nova York. Quando o gângster Joseph Gallo decidiu assumir o lugar de seu chefe Joseph Profaci e toda a família do crime, Persico estava ali, bem ao lado dele. Ele não deu a mínima para isso, nem um c@aralinho, como diriam as crianças.
Não deu nada nada mesmo, tanto que mudou de lado, a meio caminho, durante a guerra. Depois de lutar ao lado dos irmãos Joseph, Albert e Lawrence Gallo, Persico deixou bem claro a que lado pertencia quando, em 12 de agosto de 1961, Persico tentou estrangular Lawrence com um garrote. Ele teria conseguido também, se não fosse um policial ter entrado no bar naquele exato momento.
O incidente fez com que Persico recebesse o famoso apelido de The Snake, O Cobra, por sua traição à trupe de Gallo, além de fama em Hollywood por sua tentativa de homicídio ter sido usada como inspiração para cenas nos filmes de O Poderoso Chefão.
Além do apelido, os Gallos tinham mais coisa guardada para seu ex-membro de bando. Dois anos mais tarde, os Gallos emboscaram Persico enquanto ele estava sentado em seu carro. O Cobra foi atingido no rosto, mão e ombro mas, bem na moda sacana, cuspiu a bala que atingiu seu rosto e dirigiu-se para o hospital.
Nas décadas que se seguiram, o nerd ossudo assumiu o controle da família do crime Colombo, tomando posse mesmo apesar de passar a maior parte daqueles anos na prisão. Em 1986, Persico e outros líderes de máfia foram considerados culpados no julgamento da Comissão, focado na liderança da Máfia. Persico foi condenado a 100 anos de prisão.
Até hoje, ele continua a ser o chefe indisputado da família Colombo. Diminuto e idoso como possa ser, os dias em que as pessoas o subestimaram por aparentar ser um banana já ficaram para trás, há muito tempo.
Como chegamos ao fim desta lista e temos apenas uma citação para concluí-la:
“Nunca julgue um livro pela capa”.