No mundo da máfia não é tão incomum haver traficantes que comandam suas operações mafiosas a partir de sua cela de prisão. Mesmo no Brasil, onde a máfia costuma levar outros nomes (“comando”, “milícia”, cartel e etc.), não é de se espantar quando, nos noticiários, bandidos são notificados portando celulares em mãos, em prisões de segurança reforçada.
Porém o mafioso aqui abordado, no último e mais recente período em que esteve preso (de 2010 em diante), apesar de não ter tido aparentemente todo esse conforto, deu um jeito de novamente sair da prisão, como já antes tinha conseguido. Sonny Franzese, em seus períodos prisionais antes de 2010, sempre conseguia um meio judicial de se soltar da prisão, safando-se com seguidas liberdades condicionais. E em junho de 2017, o mafioso fica à solta novamente, tendo então 100 anos de idade.
A vida de John Franzese Pai – vulgo “Sonny”
John Franzese, Sr. – o Sonny – (nascido em 6 de fevereiro de 1917, Nápoles), é americano de origem italiana; membro de longa data e atual subchefe da família do crime Colombo. Recentemente foi considerado o prisioneiro federal mais antigo dos Estados Unidos. Acredita-se que Franzese obteve muito de sua fama como sendo, discutivelmente, o membro da máfia americana mais velho e ativo da atualidade. Em 2016, ele era a pessoa mais velha em custódia federal, aos seus 99 anos. Em 2017, antes de ser solto, Franzese completou 100 anos e, portanto, nesse período, foi o único centenário em custódia federal. Franzese está listado como produtor associado do filme de 2003 Os Mafiosos, que estrela James Caan.
Ascensão na família criminal Colombo
Nasceu de Carmine Franzese (vulgo “The Lion”) e Maria Corvola, embora seu ano de nascimento verdadeiro seja fonte de controvérsias. Registros da prisão federal expõem que ele nasceu em 6 de fevereiro de 1917. Porém seu filho, Michael Franzese, diz que seu pai na verdade nasceu em 1919. De acordo com algumas fontes, Franzese nasceu a bordo do navio que trouxe seus pais para Nova York.
Criado na cidade de Nova York, no final da década de 1930, Franzese se juntou à família do crime Profaci (mais tarde renomeada para família do crime de Colombo) sob o comando de Joseph Profaci. A semelhança entre a aparência física de Franzese com a do boxeador Rocky Graziano (e, também, um de seus amigos) era muito grande. Sua primeira prisão ocorreu em 1938, por assalto. Em 1942, em meio à Segunda Guerra Mundial, ele foi liberado do exército dos Estados Unidos por ter demonstrado “tendências homicidas”. Documentos judiciais o acusaram de cometer estupro em 1947, embora nunca tenha sido preso por isso.
Franzese operava nas cidades de Nova York e Nova Jersey, e se envolvia bastante em agressões, fraudes e agiotagem. Acredita-se que tenha sido elevado ao cargo de capo ou capitão na família Colombo em meados da década de 1950 e, por volta de 1964, haveria sido promovido a subchefe. Em 1966, Franzese conseguiu evitar condenação por ter assassinado um rival e descarregado seu corpo em uma baía.
Em 1967, Franzese ganhou na justiça interesse (legal) financeiro em uma nova empresa de gravação, Buddah Records. A empresa tornou-se bem sucedida, gravando grandes nomes do momento como Melanie Safka, Isley Brothers e Curtis Mayfield. Franzese usou Buddah para “lavar” ganhos ilegais para a máfia e subornar DJs com chantagens perversas.
Em março de 1967, Franzese foi condenado por mentorear vários roubos a banco. Durante o julgamento, a acusação produziu registros alegando que Franzese havia matado entre 30 e 50 pessoas. Em 1970, Franzese foi condenado a 50 anos de prisão. Em 1978, Franzese foi liberado em liberdade condicional, mas voltou à prisão em 1982 por uma violação da liberdade condicional. Em 1984, Franzese foi solto novamente. Até 2008, ficou sem ser acusado de outro crime algum, embora frequentemente voltasse à prisão por violações de sua liberdade condicional.
Workshop de assassinato
Em anos posteriores, Franzese discutiu técnicas para assassinatos da máfia com Gaetano Fatato, o “Guy”, um novo associado de Colombo. O que Franzese não percebeu foi que Fatato era um informante do governo e estava grampeando a conversa. Franzese dissera a Fatato:
“Eu matei muitos caras – não se fala, aqui, de quatro, cinco, seis, dez…”.
Franzese também disse a Fatato que esmaltava a ponta dos dedos antes de um assassinato para evitar de deixar suas impressões digitais na cena do crime. Franzese também sugeriu o uso de touca de cabelo durante o assassinato, de modo a evitar deixar qualquer fio de cabelo na cena do crime que poderia ser analisado pelo DNA. Finalmente, Franzese salientou a importância de lidar adequadamente com o(s) cadáver(es). Seu procedimento era desmembrar o cadáver em uma piscina para crianças, secar as partes cortadas do corpo em um forno de micro-ondas e, em seguida, passar as partes através de um processador industrial de lixo. Franzese observou:
“Hoje, você não pode mais ter um corpo … É melhor tirar essa meia hora, uma hora, para se livrar do corpo do que deixar o corpo na rua”.
A Quebra da Parole (Lei de monitoramento americana)
Em 1986, depois que Carmine Persico foi condenado a 139 anos de prisão, criou um Conluio de Decisões, de três homens, a fim de supervisionar a família Colombo. Persico tinha planejado colocar Franzese nesta coligação, mas em agosto de 1986, Franzese foi novamente recluso à prisão por mais uma violação de sua liberdade condicional. Em janeiro de 1991, depois de retornar à família do crime de Colombo ora enfraquecida, Franzese novamente violou a liberdade condicional e foi à prisão para encontrar-se com outras personagens do crime organizado. Em novembro de 2000, após retomar sua autoridade superior na família, Franzese violou a liberdade condicional de novo e foi enviado de volta à prisão em janeiro de 2001. A polícia havia tomado conhecimento sobre a reunião pela boca do filho de Franzese – John Franzese Jr. – que se tornou um informante do governo.
Acusações
Após o encarceramento de John DeRoss – o “Jackie” – em 2005, Franzese tornou-se o novo subchefe. No entanto, em maio de 2007, Franzese voltou novamente à prisão por violação da liberdade condicional. Em junho de 2008, Franzese, ainda encarcerado, foi acusado de participar de assassinatos durante as Guerras Colombo no início da década de 1990, roubando casacos de peles na cidade de Nova York em meados da década de 1990 e participando de invasões domésticas de imitadores (fraudulentos) de policiais em Los Angeles, no ano de 2006.
Em 4 de junho de 2008, Franzese foi indiciado junto com outros mafiosos da Colombo por acusações de: conspiração de invasão, roubo, extorsão, tráfico de narcóticos e agiotagem. Em 24 de dezembro de 2008, Franzese foi solto do Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn. De acordo com a polícia, Franzese segue sendo o chefe oficial da família Colombo.
Em 2010, fora pego extorquindo em uma cadeira de rodas; e então, em 14 de janeiro de 2011, Franzese, em seus 93 anos, foi sentenciado a oito anos de prisão por extorquir clubes de striptease de Manhattan e uma pizzaria na Long Island de Nova York. Franzese bem RECENTEMENTE esteve preso no Centro Médico Federal em Devens, Massachusetts, com data de soltura programada para 25 de junho de 2017, com a idade de 100. Porém ele pôde sair 2 dias, e está em liberdade, junto de sua família no Brooklin.
Família
Franzese é casado com Cristina Capobianco-Franzese, embora os dois tenham vivido separados fisicamente por certo tempo. Em junho de 2016, Franzese tinha oito filhos, 18 netos e seis bisnetos. Seu filho Michael tornou-se capo da Colombo, o qual administrava as extorsões de seu pai durante a década de 1980, quando seu pai estava na prisão. Posteriormente, ele se tornou um cristão nascido de novo e deixou a máfia. John Jr. era um associado da família Colombo antes de tornar-se informante do FBI.
Em toda a sua vida, Sonny passou cerca de 40 anos cumprindo pena prisional.