Máfia Italiana: ‘Ndrangheta, Camorra, Cosa Nostra e Outras Máfias menores

A Máfia na Itália tem origens e tradições muitos antigas e tem desempenhado um papel importante na história italiana, antes, durante e após a unificação da Itália. De fato, o nascimento do fenômeno tem, ainda hoje, uma data incerta. 

Contudo, ao longo dos tempos, as organizações que mais ganharam a cena no panorama criminoso italiano são 7:  

  • as 3 mais conhecidas são ‘Ndrangheta, Camorra eCosa Nostra; 
  • as menores e mais recentes como a Stidda (Sicília central), a Sacra Corona Unita (região da Puglia), o Bando della Magliana (Roma) e, a mais recente de todas, a assim chamada “Máfia Capital”. 

PRINCIPAIS TÓPICOS ABORDADOS NESTE ARTIGO

  1. As Origens
  2. As Estruturas
  3. Os Rituais de afiliação
  4. Os Grandes Negócios
  5. Nomes, chefes e mais procurados
  6. Séries de TV mais populares

‘NDRANGHETA: A MÁFIA CALABRESA

O termo ‘Ndrangheta (ou Societá Onorata, a Santa e Picciotteria) indica o crime organizado da região da Calábria. De acordo com as análises de pesquisadores, é a mais forte e mais perigosa organização criminosa na Itália, com grande e significativa difusão também no exterior.  

Na Calábria, estão atualmente em operação cerca de 155 clãs locais (grupos definidos como Cosche ou ‘Ndrine) que afiliam cerca de 6.000 pessoas, muitas vezes relacionadas umas às outros por vínculos familiares. 

– Origens da Máfia Calabresa

A história da ‘Ndrangheta nasceu na segunda metade do século XIX, em vários países da província de Reggio Calábria. Com o início do século XX e as primeiras emigrações de italianos, a ‘ndrangheta se instalou no exterior, especialmente no Canadá e na Austrália. É uma organização criminosa de tipo rural, com rituais de iniciação e códigos que definem as regras. 

Nos anos 1950, começou a operar também no norte da Itália e, é com os sequestros de pessoas que, nos anos 1970, a mídia põe atenção sobre ela, chamando-a com o nome de “anonima sequestri” (sequestros anônimos). Desde 1950, de fato, a ’ndrangheta firma-se em toda a região da Calábria, por causa da falta de presença do estado. Era bem auxiliada pelas figuras políticas que, através da máfia calabresa, poderiam desviar os votos. 

Na década de 1960, a ‘ndrangheta se converte em máfia baseada nos laços de sangue. Foi aí que destacaram-se 3 das mais poderosas famílias da ‘ndrangheta:  

  • os Piromalli na planície de Gioia Tauro; 
  • os Tripodo em Reggio Calábria; 
  • os Macri na região da Locride.  

Nesse período, a ‘Ndrangheta, começou a usar o sequestro de pessoas para obter dinheiro imediato, para ser reinvestido no tráfico de drogas. 

– Estrutura da máfia calabresa

Até a década de 1980, a organização era estruturada de forma horizontal, com cada local detendo sua própria área de pertinência, evitando conflitos entre famílias pelo domínio em seu local. 

Ao contrário de Cosa Nostra, a estrutura interna de cada clã da ‘Ndrangheta é baseado nos membros de um núcleo familiar ligados por laços de sangue, a ‘Ndrina 

É bastante frequente a ocorrência de casamentos entre os vários clãs, a fim de consolidar as relações entre as famílias da máfia. Os casamentos têm alto valor simbólico e também podem servir para consagrar o fim de uma briga. 

Cada família tem plenos poderes, bem como o controle sobre a cidade e o território que pertence, no qual atua com a máxima tranquilidade e gerencia o monopólio de todas atividades lícitas ou ilícitas. A posição de cada membro individual, chamado de ‘ndranghetista, dentro de uma família, é estritamente governada e regulada por um rigoroso código, do qual não se pode escapar. Se houver problemas com um adepto, será levado perante o tribunal do seu clã. 

– Ritual de afiliação da máfia calabresa

Uma pessoa se torna Ndranghetista de duas maneiras:  

  • por nascimento, ser filho de um importante membro da organização; 
  • ou por “batismo”.  

A idade mínima para entrar na máfia calabresa é de 14 anos. 

O ritual de afiliação é uma espécie de cerimônia esotérica, durante a qual o novo afiliado é chamado a jurar em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. O batismo dura a vida inteira.  

Em sua nova família, o “Sgarro” irá encontrar vários de seus parentes de sangue. É por essa razão que é difícil encontrar arrependidos na ‘ndrangheta, pois nunca entregaria algum dos seus próprios familiares. 

– Negócios da Máfia calabresa

A periculosidade da ‘Ndrangheta é baseada na força das armas e no enorme ganho decorrente do tráfico internacional de drogas, na reciclagem de atividades econômicas. Tais atividades lhe permitem controlar amplos setores da economia, comércio e agricultura, com uma forte cumplicidade da administração pública local. 

A ‘Ndrangheta tem um volume de negócios de 60 bilhões de euros. 

A composição de negócios é a seguinte:  

  • Tráfico de drogas (€ 24,2 Bilhões); 
  • tráfico ilegal de resíduos (€ 19,6 Bilhões); 
  • extorsão e usura (€ 2,9 Bilhões); 
  • peculato (€ 2,4 mil milhões); 
  • apostas ilegais (€1,3 mil milhões); 
  • tráfico de armas; 
  • prostituição; 
  • mercadorias de contrafação; 
  • tráfico de seres humanos (€ 10 Bilhões). 

Esses ganhos fazem da ‘Ndrangheta uma das máfias mais ricas do mundo; seu sucesso só pode ser explicado com uma hábil política de lavagem de dinheiro. A máfia calabresa supera economicamente outras máfias italianas como: Cosa Nostra, Camorra, Sacra Corona Unida e Stidda. 

– La Santa (a Sagrada)

Até o final da guerra interna que explodiu em 1985, na Máfia calabresa, não existia nada parecido com a comissão, ou cúpula, de Cosa Nostra. 

As mais poderosas famílias mafiosas da região próxima à cidade de Reggio Calábria, criaram um órgão similar chamado “Santa”, que tem, no entanto, diferenças significativas.  

Desse tipo de evento, reunião realizada uma vez por ano, participam todos os chefes de família das várias áreas controladas. Entretanto, apenas os líderes da área de Reggio podem eleger e nomear o chefe dos chefes, chamado de “Zianu”. 

Essa figura é a representante da ‘Ndrangheta e deve garantir o respeito das tradições mais antigas dessa organização. Quem faz parte de tal associação é chamado de “Santista” (santidade), que é um dos últimos graus da hierarquia da máfia calabresa. 

– Movimento no exterior

A ‘Ndrangheta começa a se estabelecer no exterior a partir do início das migrações do século XX, quando ainda não era chamada com o nome atual, mas de mão preta ou Picciotteria. 

São relatadas 19 Famílias de ‘Ndrangheta (ndrine) na Austrália, 14 na Colômbia, 13 na Alemanha e 10 no Canadá, e algumas também em operação na Tailândia, Antilhas Holandesas e Togo. Presença muito forte também na Austrália. 

‘Ndrangheta é presente em toda a América do Sul: Peru, Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Bolívia. 

Inseriu-se no comércio de cocaína na década de 1980, e logo começaria a controlar as principais rotas do tráfico, se deslocando da Espanha, de Portugal e dos Países Baixos, até chegar à Colômbia e para lidar diretamente com Narcos e AUC de Salvatore Mancuso.  

Nos anos 1990, verifica-se que os rendimentos ilegais são reciclados na Europa, Alemanha, Reino Unido, nos Países Baixos e no Leste da Europa: Rússia, Hungria, Polônia e Romênia, na compra de imóveis e exercícios comerciais. Muitas famílias, enfim, na Áustria e Suíça, onde têm preservado o seu capital, reinvestem em tráfico de armas. 

Nos últimos anos, as rotas de tráfico mudaram para a África Ocidental, porque são menos controladas que aquelas da Europa-América do Sul. 

Além disso, foram apreendidos milhares de quilos de cocaína da América do Sul em trânsito para Dakar, no Senegal, que deveriam chegar à Itália em nome da Família Morabito. 

A ‘Ndrangheta também parece ter comercializado diamantes na África do Sul e eliminado resíduos tóxicos na Somália, no Quênia e na República Democrática do Congo.  

De acordo com o relatório da Europol 2015, tem um papel dominante no mercado europeu da cocaína, devido às relações entrelaçada diretamente com os cartéis colombianos. 

– Os Grandes Chefes da Máfia Calabresa

A seguir, elencamos alguns dos Capos mais importantes das Familías de “Ndrangheta: 

Don Mommo Piromalli 

Girolamo Piromalli, também chamado de Don Mommo, (Gioia Tauro, 07 de outubro de 1918 – 11 de fevereiro de 1979), figurou entre os principais líderes da máfia calabresa, juntamente com Antonio Macrí que controlavam Locride e Mico Tripodo, na área de Reggio Calábria. Foi uns dos fundadores da Santa, junto com seu camarada Paolo De Stefano. 

Antonio Macri 

Antonio Macrí (Siderno, 1902 – Siderno, 20 de janeiro 1975), também conhecido, informalmente, como u Zzi ‘Ntoni, foi um “Capobastone” da Ndrangheta calabresa’, ou seja, Capo da sua homônima Família. 

Antonio Macrí controlava toda a área da Locride nos anos 1950 e 1960, conseguiu ter conexões no Canadá (Toronto, Montreal e Ottawa), no Estados Unidos (New Jersey) e na Austrália. Teve relações com Frank Costello e Albert Anastasia, membros da Cosa Nostra Americana. 

Paolo De Stefano 

Paolo De Stefano, (Reggio Calabria, desconhecido – Reggio Calabria, 13 de outubro de 1985), era o chefe do clã homônimo, (Família Di Stefano) e foi um dos protagonistas da mudança da’ Ndrangheta, do fenômeno rural para fenômeno empresarial. Segundo dos quatro irmãos, sobreviveu à primeira guerra da ‘Ndrangheta, que eclodiu em Reggio Calábria nos anos 1970, e mais tarde tornou-se uns dos mais poderosos chefes da máfia calabresa. 

Giuseppe Morabito 

Chefão do clã Morabito, foi fugitivo por vários anos. Giuseppe Morabito (África, 15 agosto 1934), também é conhecido como tiradrittu (do dialeto calabrês, significa: dispara em linha reta, tem boa pontaria), apelido que herdou de seu pai. Foi considerado número um da ‘Ndrangheta, rei da cocaína na Itália e, de acordo com a comissão parlamentar antimáfia, é ainda mais importante que o ex-fugitivo Bernardo Provenzano, chefe da Cosa Nostra. 

Pasquale Condello 

Pasquale Condello também chamado “U Supremu” o supremo (Reggio Calábria, 24 de setembro 1950), é um capo poderoso da ‘Ndrangheta. U Supremu, assim chamado por seus rivais, por causa de seus julgamentos infalíveis, os quais eram considerados como leis supremas.  

Capobastone da Família, fugitivo de 1990-1998. Em fevereiro de 2008, foi considerado um dos ‘número um’ da ‘Ndrangheta, após a prisão de Giuseppe Morabito. 

Rocco Morabito – O Mais Procurado  

Rocco Morabito é descendente de Joseph Morabito, fugitivo desde 1994, procurado por associação com a máfia e tráfico de drogas. Desde 10 de fevereiro de 1995, passou a ser procurado internacionalmente e faz parte da lista dos mais perigosos fugitivos na Itália.  

– A ‘Ndrangheta na Tv Italiana 

Abaixo relatamos os mais importantes filmes e documentários sobre a Máfia Calabresa. 

  • Anime nere (filme de 2014) 

O filme conta a história de três irmãos, filhos de um pastor da região de Aspromonte, na Calábria. O mais novo, Louis, é um traficante internacional; o filho do meio, Rocco, vive em Milão com a sua esposa Valeria e sua filha.  

Mesmo não aceitando o estilo de vida gângster do irmão mais novo, se torna um empreendedor através do dinheiro ilícito, de bens imóveis; o mais velho dos três, Luciano, acredita ser capaz de trabalhar com simplicidade em sua terra, sem se envolver nos assuntos dos outros. Porém, seu filho Leo, de 20 anos, rancoroso e sem futuro, andou disparando alguns tiros na porta de um bar, protegido por um clã da ‘Ndrangheta, a partir daquele momento se desencadeia uma guerra entre o clã e sua família. 

  • Uomini D’onore (documentário de 2009) 

Uomini D’onore (Homens de honra) é um documentário investigativo de Francesco Sbano, sobre o mundo da ‘Ndrangheta na Calábria. Foi rodado entre 2005 e 2009, em San Luca D’Aspromonte, Paola, Cetraro, Duisburg e Hamburgo; no coração da Máfia Calabresa.

CAMORRA: A MÁFIA NAPOLITANA

O termo Camorra indica o conjunto de atividades criminosas da região da Campânia, mas que guarda maior interesse também fora da Itália.   

Não existe de fato uma única organização camorrística, semelhante à Cosa Nostra siciliana ou a outras organizações do mesmo padrão. 

– Origens e regras: La Bella Societá Riformata

Após dois séculos de domínio espanhol (1500-1700), em Nápoles, os austríacos foram os primeiros a chegar e, em seguida, os Borbones da França, umas das famílias reais mais importantes e antigas da Europa. 

Antes do final do século do Iluminismo, porém, na cidade, surgiu uma revolta violenta, com o objetivo de combater o avanço dos franceses. As pessoas, como sempre aconteceu em Nápoles, tornam-se protagonistas de uma verdadeira revolução, que foi organizada pelos chamados Lazzari. 

Conduzidos por Michele Marino e Antonio Avella, que administravam seus negócios e foram os que duelaram com os franceses, nos dias sangrentos da revolução de 1799. Podemos dizer que Lazzari foram os precursores da primeira grande organização criminosa de Campânia: a Bela Sociedade Reformada. 

Até aquele momento, a Camorra havia se desenvolvido sob regras rígidas apenas nas prisões. No mundo externo, no entanto, faltava-lhe um estatuto verdadeiro e próprio. Embora a influência da plebe sobre os negócios públicos fosse elevada, não eram raros os confrontos e desordens, devido à ausência de regras precisas. 

Diz-se que o primeiro chefe da Bela Sociedade Reformada foi Pasquale Capuozzo, em torno de 1824, período durante o qual reinou Fernando I sobre o trono do Reino das duas Sicílias, 

– Estrutura da Camorra

Na verdade, a estrutura da Camorra é muito mais complexa, porque é composta por vários clãs diferentes entre si: 

  • pelo tipo de influência sobre o território; 
  • pela estrutura organizacional; 
  • pela força econômica. 

A Camorra não tem uma estrutura vertical, como a Cosa Nostra, mas é apresentada como uma pluralidade de famílias, mais ou menos relacionadas umas com as outras. As alianças entre essas organizações são muito frágeis e podem levar a prováveis conflitos (guerras da Camorra), com emboscadas e assassinatos. 

Nos anos 1970, na prisão de Poggioreale onde estava preso por assassinatoRaffaele Cutolo (chamado de “O Professor”) reestrutura a Camorra como uma organização hierárquica com um senso mafioso, no qual o tráfico de drogas era seu principal negócio. 

Assim nasceu a Nova Camorra Organizada (NCO). Para o Professor, os símbolos, os rituais e as cerimônias eram fundamentais para reconstruir a “verdadeira Camorra”. Logo, outras famílias antigas em desacordo reagiram e se reuniram, todas sob o nome de Nova Família (NF). 

A guerra entre as duas organizações criminosas foi cruel, deixando centenas de pessoas mortas, e termina no início dos anos 1980 com a derrota do NCO. A Nova Família também deixa de existir, mesmo tendo vencido a guerra. 

Em 1992, foi a vez de BossCarmine Alfieri, ao tentar dar ao crime organizado da Campânia uma estrutura vertical, criando a Nova Máfia Campana (NMC). Contudo, essa também desapareceu depois de um curto período de tempo.  

Atualmente, a Camorra apresenta-se como uma organização do tipo horizontal, com vários grupos locais, mais ou menos em conflito entre si. 

– Os negócios da Camorra

O termo “Camorra” também indica um tipo de mentalidade, que faz da arrogância, da opressão e do silêncio generalizados seus principais pontos fortes. Em muitos casos, os comportamentos da Camorra também afetam os profissionais, empresários e políticos, até gerar, em vários casos, uma forte colaboração entre todas as administrações locais, mesclando espírito empresarial ao crime organizado. 

A Camorra assume as características atuais após a Segunda Guerra Mundial, quando o chefe da Cosa Nostra Americana, Lucky Luciano, é enviado a Nápoles para uma estada forçada. Com ele, a Camorra ultrapassa as fronteiras napolitanas e se expande no exterior, a começar pelo o comércio de cigarros, juntamente o clã dos Marselhês. 

Hoje, a Camorra tem milhares de afiliados divididos em mais de 200 famílias ativas em toda a Campânia. São relatados assentamentos no exterior, como nos Países Baixos, Espanha, Portugal, Romênia, França, República Dominicana e Brasil. Os grupos são muito mais ativos nas seguintes atividades econômicas:  

  • infiltração nos contratos públicos; 
  • imigração ilegal; 
  • prostituição; 
  • lavagem de dinheiro; 
  • usura; 
  • tráfico de drogas. 

Um grande destaque houve nos anos de 2004 e 2005, com o chamado “Conflito di Scampia”, uma guerra que eclodiu dentro do clã Di Lauro, quando alguns membros decidiram por si mesmos gerenciar o lucro com o tráfico de drogas, reivindicando assim, uma própria autonomia e negando os rendimentos ao clã Di Lauro, do chefe Paolo Di Lauro, conhecido como Ciruzzo” ou milionário. 

Todavia, esse conflito não foi a única disputa pelos negócios entre os clãs no território napolitano. 

De acordo com Eurispes, a máfia napolitana ganha: 

  • € 7 bilhões por ano com o tráfico de drogas; 
  • € 2.5 bilhões com os crimes ligados ao empreendedorismo (contratos manipulados, lavagem de dinheiro etc.); 
  • € 258 milhões com a prostituição; 
  • € 2 bilhões com o tráfico de armas; 
  • € 362 milhões com extorsão e agiotagem.  

O volume de negócios total é de cerca de € 12.5 bilhões. 

À lista, deve ser adicionada a eliminação ilegal de resíduos, tanto industriais como urbanos, que são negócios extremamente lucrativos. 

– Guerra de Camorra: Nova Camorra Organizada Vs Nova Família

  • Foi neste momento que nasce a Nova Família ou NF, representada por Lorenzo Speech, Carmine Alfieri, Michele Zaza e Antonio Bardellino, fundador do clã dos casaleses. A luta entre a facção foi muito sangrenta: as vítimas foram 295, em 1981, 273, em 1982, 290, em 1983. Entre os episódios memoráveis foi o de 30 de maio de 1981, a explosão de uma bomba perto da casa de Raffaele Cutolo, provavelmente por ordem Antonio Bardellino; 
  • O crescimento gradual do poder NCO (Nova Camorra Organizada), não podia deixar de perturbar as famílias da antiga Camorra Campana, como os Zaza (afiliados a máfia siciliana) e os Giulianodi, os quais se reúnem em uma associação temporária chamada Onorata Fratellanza; 
  • Em princípio, as duas facções encontram um acordo para a divisão territorial; no entanto, posteriormente, este acordo terminou, porque o Raffaele Cutolo (fundador da NCO) reivindicou uma grande propina sob o contrabando de cigarros; 
  • No verão de 1981, na fazenda dos Nuvoletta – também com a presença da Cosa Nostra siciliana, e o chefe dos Corleonesi Totó Riina – os capos napolitanos reúnem-se para pôr fim ao massacre, uma trégua que Cutolo não parece querer aceitar. De fato, após um curto período de tempo os “Cutoliani”, matam Salvatore Alfieri (irmão do Boss Carmine Alfieri) e retorna a guerra em todos os níveis e em todos os ambientes; 
  • Até mesmo as prisões eram divididas em duas seções separadas, uma para os Cutoliani (em maior número) e outra para os afiliados da “nova família”, considerada militarmente melhor organizada; mas, no entanto, alguns argumentam que o fator decisivo para o destino da guerra foi, na verdade, a perda gradual do apoio político. 

– Os Casaleses / Clan dei Casalesi

O clã dos Casaleses é uma organização criminosa de tipo camorrística, originária da província de Caserta, que tem o nome de sua cidade natal, Casal di Principe. 

Os Casaleses se conectam à Camorra como um cartel criminal, que mostra ter características típicas, comparáveis à ‘Ndrangheta, ou Cosa Nostra. Bem como na província de Caserta, o clã está ativo em outras regiões da Itália, particularmente no sul de Lazio, Puglia e Lombardia, assim como em outros países do mundo, tais como a Espanha, onde opera um canal de distribuição de cocaína proveniente da América do Sul, Alemanha, Roménia e, por último, nos Estados Unidos da América. 

O clã nos anos 1980 foi considerado uma das organizações criminais mais importante e influente da Europa. De acordo com o depoimento de Carmine Schiavone, o clã era composto por cerca de 150 a 160 Capos e um total de 8000 a 9000 membros. 

– Os Grandes Chefes da Camorra

Abaixo elencamos os mais poderosos Capos da máfia napolitana. 

Antonio Bardellino 

Antonio Bardellino (San Cipriano d’Aversa, 04 de maio de 1945 – Armação de Búzios, 26 de maio de 1988),  foi um criminoso italiano, fundador e líder histórico dos Casaleses nos anos 1970 e 1980 do século XX. Bardellino era um ladrão afiliado também a Cosa Nostra do mafioso siciliano Rosario Riccobono. Foi um chefe temido e respeitado, em torno do qual se juntaram muitas famílias mafiosas da Camorra. 

Raffaele Cutolo

Raffaele Cutolo (Ottaviano, 04 de novembro de 1941, Nápoles), formou a Nova Camorra Organizada, uma organização criminosa sob o modelo daquela calabresa e siciliana, com uma exata data de fundação: em 24 de outubro de 1970. Cutolo e sua organização penetram em todos os setores da economia campana, graças também ao consentimento dos políticos locais. 

Carmine Alfieri 

Em 1974, Carmine Alfieri (Saviano, 18 de fevereiro de 1943), recebeu da Camorra a consagração como “homem de honra”. Foi um dos maiores expoentes da Camorra napolitana na década entre os anos 1980 e 1990. Alfieri se tornou Chefe quando deu vida a Nova Família, confederação camorrística, ferozmente oposta àquela liderada por Raffaele Cutolo (NCO). 

Francesco Schiavone 

Apelidado de Sandokan, Francesco Schiavone (Casal di Principe, 3 de março 1953), tornou-se famoso pelas as lutas de poder que teve lugar em sua cidade natal nos anos 1970 e 1980. É atualmente considerado o chefe mais importante do clã dos Casaleses. 

O Mais Procurado: Marco di Lauro

Marco di Lauro é um fugitivo desde 07 de dezembro de 2004, por associação com a máfia. A partir de 17 de novembro de 2006, também é procurado internacionalmente e faz parte da lista dos mais perigosos fugitivos na Itália.  

Em 2010, um colaborador da justiça indica Marco Di Lauro, como o mandante de quatro assassinatos. É o quarto filho do chefe Paolo Di Lauro, líder histórico do clã Di Lauro, que faz parte também Marco. O filme Gomorra, do escritor Roberto Saviano, tem sua história baseada exatamente no clã Di Lauro. 

– A camorra na TV Italiana

Abaixo relatamos as mais importantes séries de TV sobre a Máfia Napolitana. 

  • Gomorra a série (2014) 

A série Italiana Gomorra , descreve a história da Camorra observada de dentro, com eventos inspirados em fatos reais do clã de Scampia em Nápoles. Os Savastano são todos conhecidos no território de Secondigliano e seus arredores, como uma família de longa e comprovada tradição Camorrística. Ao tomar posse do poder dentro de seu clã, Pietro é um dos criminosos mais perigosos em circulação.  

Os Savastano tornaram-se, em pouco tempo, os mais poderosos, influentes e temidos criminosos na área. O braço direito de Pietro era Ciro di Marzio, mais conhecido como o “imortal”. Caso algum dia Pietro encontrasse algum problema em seu “negócio”, Ciro seria seu ponto de referência. 

  • Il clan dei camorristi (2013) 

Il clan dei camorristié uma série de televisão italiana, de 2013. É inspirada pelos acontecimentos do Clã dos Casaleses (I Casalesi). A série começa com o mafioso, Francesco Russo, chamado de ‘O Malese  (o malaio da Malásia), trancado na prisão de Poggioreale, durante o trágico terremoto em Irpinia, em 1980.  

Na prisão ocorre um massacre ordenado pelo “chefe dos chefes” da Camorra, Raffaele Cutolo. Nesse momento, Malese salva a vida de Antonio Ruggero, o braço direito do chefe Antonio Vesco. 

COSA NOSTRA: A MÁFIA SICILIANA 

O termo Cosa Nostra indica uma organização criminosa mafiosa presente na Sicília, que se tornou internacional, com laços e ligações com outras organizações. 

De acordo com uma clássica “reconstrução”, é constituída por um sistema de grupos chamada famílias, organizada em seu interior, com base em um rígido sistema hierárquico composto de sócios de níveis diferente chamados de Picciotti e um chefe do referido Padrino (Padrinho). Por sua vez, os chefes da família fazem parte de uma “Comissão” ou “cúpula ”, com um ‘líder de líderes’ ”, que rege toda a organização. 

– As origens da Máfia Siciliana 

Cosa Nostra nasceu no oeste da Sicília, no início do século XIX. Suas origens estão intimamente ligadas a propriedade rurais e produtivas da Sicília até o início do século XX. 

Por um lado, há os miseráveis camponeses; por outro, a aristocracia rural, herdeiros de um dos últimos sistemas feudais na Europa. Entre eles, há os “Gabellotti”, uma classe cruel e violenta de campeiros, arrendatários e fatores, que exercem funções de controle, gestão e corretagem das propriedades e das suas produtividades. 

A máfia siciliana nasceu num momento em que estes senhores (os Gabellotti), muitas vezes cercados por capangas com um passado violento, param de trabalhar e começam a gerenciar, de forma ainda mais autoritária, seu poder ao redor dos grandes negócios. Assim, os Gabellotti (primeiros mafiosos) dão à luz a seitas secretas, fraternidades, grupos e gangues. 

O primeiro documento histórico, que nomeou um clã de forma mafiosa foi em 1837, em que o procurador geral de Trapani, Pietro Cala Ulloa, relata a seus superiores em Nápoles, os negócios de estranhas seitas ou irmandades dedicadas a empresas criminosas e que corrompiam também os funcionários públicos. 

Veja Também:Toda a verdade por trás da palavra Máfia na Sicília 

– A Estrutura da Cosa Nostra Siciliana

De acordo com as declarações dos muitos colaboradores da Justiça, o principal agregado de Cosa Nostra é a família (também conhecido como cosca), composto por elementos criminosos, que têm entre si restrições ou relações de afinidade, que se unem para controlar todos os negócios lícitos e ilícitos na área em que atuam. 

Na Máfia Siciliana, os componentes de uma família que colaboraram com um ou mais aspirantes mafiosos ainda não afiliados, usualmente são chamados de “próximo“. Para afiliar-se na família, há um ritual particular (o chamado “punciuta“), que consiste na apresentação do aproximado, aos outros componentes da família local em uma reunião na presença de todos e na qual se pronuncia um juramento de fidelidade. 

– Os negócios da Máfia Siciliana

Após a última guerra mundial, Cosa Nostra usa suas forças no controle do território, transformando-a em uma organização de poder, estabelecendo relações com as áreas de política e economia. Além disso, alcançando posições de domínio e de grande ganho.  

Basta pensar que, nas empresas controladas pela Cosa Nostra, a maioria dos contratos de construção em Palermo e em toda a região da Sicília foi concedida em atos fraudulentos.  

O controle capilar do território, leva depois a extorsão, ao pagamento, tanto por comerciantes como empresários de um ‘’pizzo’’, isto é, uma quantia que deve ser dada à família Mafiosa presente no território para não haver “problemas ”.  

Os grandes ganhos vêm, então, nos anos 1970, sobre o tráfico internacional de drogas, em acordos com as famílias mafiosas dos Estados Unidos e da América do Sul. 

– Os Corleoneses: O rigoroso regime de Riina e Provenzano

Em 1978, explode uma guerra interna na Máfia, incluindo a antiga máfia histórica, composta principalmente de famílias afiliadas à Bontate, à Badalamenti e à Buscetta, e aquela dos Corleoneses, liderada primeiro por Luciano Liggio, em seguida por Salvatore Riina e Bernardo Provenzano. 

Com um passado de assassinatos, a serviço do feroz chefão Liggio, Riina tornou-se seu sucessor quando foi confinado à prisão perpétua na Sardenha. Embora, apenas por um período Riina tenha trabalhado como regente do clã, era ambicioso demais para permanecer sob as ordens de Liggio, de quem se distanciou cada vez mais. 

Sob a direção de Riina, a família dos Corleone cresceu em seu próprio poder, proveniente do envolvimento com tráfico internacional de drogas e na extorsão de grandes grupos empresariais.  

Apoiado por seu amigo e conselheiro Bernardo Provenzano, feroz como ele, começou a planejar a lenta e mais precisa destruição da “velha guarda” de Cosa Nostra.  

Aquela de Corleone era a família mais poderosa da Cosa Nostra siciliana. Na década de 1980, era tão determinada em demonstrar seu poder que, de fato, executou uma série de assassinatos, eliminando todas as personalidades do Estado que poderiam constituir obstáculo. Em apenas dois anos, morreram nessa guerra mais de 1.000 homens. 

– I pentiti e o Maxiprocesso 

Mas uma consequência da guerra desencadeada pelos Corleone de Riina, foi o fenômeno de “pentiti”, ou seja dos “arrependidos”, isto é, chefes da máfia que decidem cooperar com a justiça. 

O primeiro, e mais famoso, foi Tommaso Buscetta, que ao juiz Giovanni Falcone e Paolo Borsellino em 1984, reconstituiu todos os últimos assuntos internos da Cosa Nostra, sobre a base daquelas revelações, a equipe antimáfia de Palermo instrui o chamado maxiprocesso contra a Máfia. 

O maxiprocesso começou em 10 de fevereiro de 1986, sendo concluído na primeira instância em 16 de dezembro de 1987, com 342 condenações, com 2.665 anos de prisão e 19 penas de prisão perpétua (incluindo Luciano Leggio, Salvatore Riina e Bernardo Provenzano), em 30 de julho de 1991 a sentença de apelo redimensionou a condenação, mas o Tribunal de Cassação em 30 de janeiro de 1992, reafirmou todas as primeiras instâncias, que se tornaram realidade jurisprudencial. 

No mesmo ano, é introduzido o chamado 41bis, ou seja, uma prisão particularmente rigorosa para os mafiosos, e o confisco de seus bens. Cosa Nostra, liderada por Toto Riina, reage com uma série de ataques terroristas. Os mais famosos e terríveis são o de Capaci, em 23 de maio de 1992 e da Via d’Amelio, em 19 de julho de 1992, na qual Giovanni Falcone e Paolo Borsellino perderam a vida, juntamente com seus guarda-costas. 

– O massacre de Capaci

O primeiro grande massacre da Máfia siciliana foi aquele chamado de “o massacre de Capaci”. Em 23 de maio de 1992, na estrada A29, perto da junção de Capaci, no município de Isola delle Femmine, a poucos quilômetros de Palermo, o Magistrado antimáfia Giovanni Falcone, morreu em uma terrível explosão. 

Foi causada por uma enorme quantidade de TNT (cerca de 600 kg), que os autores simplesmente colocaram em um túnel por baixo da auto-estrada. Com Giovanni Falcone morreu sua esposa, Francesca Morvillo e sua escolta pessoal. 

Paolo Borsellino, outro membro importante pela luta contra a máfia, morreu em circunstâncias semelhantes, após a explosão de um carro-bomba estacionado em frente à casa de sua mãe, detonado pelo interfone que Paolo teria usado para chamar sua mãe, por razões familiares. 

A reação da força de ordem, do poder Judiciário e toda a sociedade civil, siciliana e italiana em geral é muito firme. O medo e o silêncio parecem ter desaparecido para a maior parte das pessoas, cansadas de todo aquele sangue. 

Milhares de pessoas saem na praça e nas ruas em manifestação, muitas janelas e terraços são cobertos com lençóis e cartazes contra a máfia, é a chamada “revolta dos lençóis.” Mesmo assim, a máfia continua exercitando sua grande influência sob a população siciliana. 

– Os Grandes chefes da Cosa Nostra

Em seguida, os Capos mais importantes da Máfia Siciliana. 

Michele Navarra 

Chefe de Corleone, Michele Navarra (Corleone, 5 de janeiro de 1905 – Corleone, 2 de agosto de 1958), vangloria-se de amizades importantes dentro da máfia siciliana. Seu primo, Angelo Di Carlo, foi um mafioso que havia escapado em Corleone. Na América, se tornou um dos assassinos de confiança de Lucky Luciano 

Corleone, no período em que o comando estava a cargo de Michele Navarra, houve assassinatos brutais. Em quatro anos, 1944-1948, mais de 150 pessoas foram mortas. 

Luciano Leggio 

Luciano Leggio chamado de Lucianeddu (Corleone, 06 de janeiro de 1925 – Nuoro, 15 de novembro de 1993), foi um grande chefão da máfia siciliana, mais precisamente, do clã dos Corleoneses. Luciano Leggio é considerado o sucessor de Dom Michele Navarra. 

Salvatore Riina 

Conhecido como Totó (Corleone, 16 de novembro, 1930), foi considerado o chefe da Cosa Nostra, de 1982 até sua prisão em 15 de janeiro de 1993. Ele é apelidado também de “û Curtu”, devido a sua estatura e a Fera (belva), para indicar sua ferocidade sangrenta.  

Riina, com 87 anos, morreu em um hospital de Parma, a cidade do norte da Itália em que estava cumprindo 26 sentenças de prisão perpétua. 

Bernardo Provenzano 

Bernardo Provenzano (Corleone, 31 de janeiro de 1933), conhecido como Binnu u’ Tratturi (Bernardo o trator, por causa da violência com a qual ele cortava a vida de seus inimigos), Zu Binnu (tio Binnu) foi considerado o Capo da Cosa Nostra, no período de 1993 até sua prisão. 

Preso em 11 de Abril de 2006, em uma fazenda em Corleone, Provenzano, era procurado desde 10 de setembro de 1963, com um tempo de fuga recorde de 43 anos. Já tinha sido condenado três penas de prisão perpétua e tinha outros processos em andamentoProvenzano moreu em 13 de julho de 2016, em Milão. 

O Mais procurado: Matteo Messina Denaro 

Apelidado de “diabolik”, Matteo Messina Denaro,  é considerado um dos fugitivos mais procurados no mundo. Capo e representante indiscutível da Máfia de Trapani, parece ser atualmente o chefe mais influente de toda a Cosa Nostra siciliana, chegando a exercer o seu poder também em Palermo.  

Apesar de que, após a detenção de Provenzano, não há mais provas da organização piramidal da Cosa Nostra. Alguns pesquisadores têm explicitamente se referido ao fugitivo de Trapani, como o atual chefe absoluto. 

– A Máfia na Tv Italiana

A seguir, as mais importantes séries de TV sobre a Máfia Siciliana. 

  • Il capo dei capi (2007) 

O chefe dos chefes é uma minissérie de televisão em seis episódios, de 2007. Conta a história do famoso chefe da Cosa Nostra de Corleone, Salvatore Riina, e Totò u Curtu, interpretado por Claudio Joey. 

Na trama, em Palermo, dia 15 de janeiro de 1993, o superchefão da Cosa Nostra, Salvatore Riina, foi capturado após 23 anos foragido. Na prisão, é visitado por um homem, seu amigo de infância Biagio Schiro, que faz com que se lembre de seu passado. Em 1943, Salvatore é um garoto de 13 anos que vive em Corleone; enquanto trabalhava no campo com seu pai, encontra uma bomba.  

Seu pai pega o dispositivo, a fim de vender a pólvora que estava ali para caçadores. Mas a bomba explode, matando o pai e o irmão mais novo de Totó. Com isso, Salvatore torna-se o capo da sua família. 

  • O último Padrino (2006) 

A história gira em torno do último período de fuga de Bernardo Provenzano, o último chefe da Cosa Nostra da Sicília. Tudo isso, antes de sua prisão, que ocorreu em 2006, pela polícia.  

A trama exalta a garra de um grupo de elite da polícia italiana, o qual foi responsável pela sua descoberta e captura. Provenzano, mesmo aflito por dores físicas devido à idade, organiza sua nova máfia, silenciosa e imprevisível. Não age mais com assassinatos nem ataca o Estado. Entretanto, bem mais atenta a se tornar cada vez mais invisível. 

OUTRAS MÁFIAS ITALIANAS 

Como apresentado na introdução deste artigo, existem algumas outras máfias italianas dignas de menção em nosso texto. As mais importantes são a Sacra Corona Unida, a Stidda e a Banda della Magliana. Conheçamos mais um pouco sobre elas! 

Sacra Corona Unita 

A expressão Sacra Corona Unita indica uma organização mafiosa que tem o seu centro em Puglia, no sul da Itália e que encontrou, nos acordos criminais com as organizações do Leste Europeu, sua especificidade para emergir e se destacar das outras máfias italianas. Atingiu seu auge no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Em seguida, sofre intervenção do Estado e um grande número de detenções, a ponto de ser considerado um fenômeno em processo de extinção. Além disso, é “a organização mafiosa italiana que registrou o mais” elevado número de “arrependidos”, o que contribuiu para destruí-la. 

Acredita-se que a Sagrada Coroa Unida foi fundada por Giuseppe Rogoli na prisão de Trani na noite de Natal do ano de 1981. Giuseppe Rogoli já era afiliado à ‘Ndrangheta (na Ndrina de Bellocco) e pediu permissão a seu capo, Bellocco Umberto, para formar uma nova organização. Em 1987, Rogoli confiou em Oronzo Romano na constituição de uma outra família criminosa no sul de Bari, sempre com o consentimento da ‘Ndrangheta. 

O nome desta organização é composto por três palavras: 

  • Sagrada: por que quando um novo membro é afiliado à organização este é “batizado” ou “consagrado”, como em um sacramento religioso;  
  • Coroa: por que nas procissões usa-se o rosário (ou coroa);  
  • Unida: como são unidos e fortes “os anéis de uma cadeia”. 

A SCU está dividida em 47 clãs autônomos na sua própria área, mas obrigados a respeitar os interesses comuns de todos. Há cerca de 1.561 membros afiliados. É, portanto, uma organização horizontal, em muitos aspectos semelhante à ‘Ndrangheta. 

A máfia da Puglia nunca teve um vínculo perverso e visceral com o território. É, portanto, marginal e fraca. Ao contrário da Cosa Nostra, a ‘Ndrangheta e a Camorra que têm suas raízes centenárias no território. 

A Stidda

A Stidda é uma organização criminosa siciliana de modelo mafioso fundada por Giuseppe Croce Benvenuto e Salvatore Calafato no início dos anos 1980, em Palma di Montechiaro,  província de Agrigento.  

Enquanto se espalhava a segunda Guerra da Máfia, e os Corleoneses realizavam sua escalada à Cosa Nostra, em Palma di Montechiaro, havia um grupo de jovens que não queria mais receber ordens de ninguém. 

Então, tal grupo decidiu fundar uma nova organização mafiosa em oposição à tradicional, chamada de Stidda. 

A estrutura organizacional da Stidda é muito mais fraca, em comparação àquela de Cosa Nostra. Em primeiro lugar, pela falta de uma estrutura de ligação entre os vários grupos, que a impedia de ter uma relação privilegiada com o poder político e econômico fora do ambiente local.  

E também, pelo fato de ter entre suas linhas muitos criminosos comuns, a Stidda teve muito mais colaboradores da justiça, em relação à Cosa Nostra. O grupo stiddaro revelou uma fragilidade maior das famílias mafiosas tradicionais. 

A economia da Stidda baseia-se principalmente no comércio de drogas, extorsão, fraude dos contratos públicos e tráfico de armas. Os lucros gerados pelas atividades criminosas são frequentemente reinvestidos em empresas comerciais e legais, contaminando o tecido socioeconômico das zonas de influência. 

Bando da Magliana – La banda della Magliana 

Tentar entender o que foi a quadrilha de Magliana e o que representou para a história italiana dos últimos anos significa entrar em um buraco negro que suga em si mais de uma década de história italiana e centenas de personagens, ligados uns aos outros por fios finos e quase invisíveis. 

Tudo começou quando – no final dos anos 1960 – um grupo de jovens criminosos romanos teve a ideia de unir as forças de vários grupos criminosos que atuavam em compartimentos separados, em muitos bairros da capital e áreas áreas vizinhas, como Acilia. 

Assim como estava tentando Raffaele Cutolo em Nápoles com a Nova Camorra Organizada (NCO). Delinquentes classificados como Franco Giuseppucci, Nicolino Selis, Maurizio Abbatino, Enrico De Pedis, decidem eliminar infiltrações externas para a cidade e assumir o controle direto de todos os assuntos de capitais ilícitos. 

Nascida, então, como uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas e sequestros de pessoas, a quadrilha será identificada como o Bando da Magliana, a partir do nome do bairro em que viveram a maior parte de seus líderes. Em poucos anos se registrou uma verdadeira exploração político-criminal, em estreita relação com a máfia siciliana, Camorra napolitana, e ‘Ndrangheta calabresa, mas também com os representantes do mundo da política, bem como a extrema direita subversiva, quase terrorista. 

Tudo isso, sob os olhos de Roma e de uma Itália atravessada por fenômenos difíceis: os anos de chumbo que sangraram o país no final dos anos 1970 e começo dos 1980.  

Romanzo criminale é a série sobre a máfia romana na TV Italiana 

Roma Caput Mundi diz um lema em latim antigo. Na verdade, a cidade tem sido, muitas vezes, o centro das intrigas de poder, de profecias e acontecimentos místicos e religiosos, que marcaram de uma forma, mais ou menos direta, o destino do mundo inteiro.  

Alguns criminosos conhecidos pelo seu ‘nome artístico’, por assim dizer, representaram a notória Banda della Magliana (Gangue de Magliana). Ou seja, um grupo criminoso, cujos membros, em sua maioria, residiam no bairro Magliana de Roma. Seus componentes: Il Freddo (o gelo), Dandy, O Libanese (o libanese) residiam no bairro Magliana de Roma. Seus componentes: Cold (gelo), Dandy, os libaneses (os libaneses) são alguns dos personagens vagamente baseados em biografias do mundo do crime. 

Este texto sobre a Máfia Italiana ficou longo e mesmo assim dá apenas uma visão geral. Existem muitas outras organizações mafiosas na Itália com sua história e particularidades muito interessantes. Por enquanto, isso é tudo! Para outros artigos sobre a Máfia Italiana clique aqui. Não deixe de compartilhar, amicoCiao! 

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