Surge a estreita relação entre os invisíveis e o crime organizado. Descoberta a cúpula secreta!
A partir das declarações de três colaboradores de justiça siciliana, surge a existência de uma superassociação criminosa, que deveria agir como uma ponte para as instituições na Itália. Cosa Nuova,“uma estrutura reservada”, dividida em dois “clubes”, aquele siciliano (Cosa Nostra) e aquele calabrês (´Ndrangheta), projetada para gerenciar relacionamentos e negócios mais importantes.
As novas regras
A ‘Ndrangheta? “Não existe mais”. Cosa Nostra? “Quatro tortos que continuam a acreditar”. O futuro? “Precisa mudar todas as coisas”.
É a investigação sobre os chamados “Invisíveis” que, de acordo com a acusação puxam os fios dos negócios e do poder na Itália, em particular na Sicília e na Calábria. Onde, de acordo com o Boss Mancuso, “a ’Ndrangheta e Cosa Nostra não existem mais.
Agora, o que existe? A Maçonaria. Acabou! Precisamos modernizar! Não permanecer com as velhas regras! O mundo muda e precisa mudar as coisas!”
Palavras de Pantaleone Mancuso, homem do homônimo clã calabrês. Um “desabafo” que se junta com o que é posto na ficha por meio de alguns arrependidos mafiosos sicilianos.
Uma costela da última investigação anti‘Ndrangheta do procurador de Reggio Calábria, que traça, de fato, um quadro preocupante: mafiosos sicilianos e criminosos calabreses unidos em uma única associação criminosa, regulada com as novas regras da Maçonaria.
Superestrutura mafiosa
“Como eu já relatei em outros interrogatórios, os laços entre Cosa Nostra e ‘Ndrangheta eram superapertados. Não sei concretamente desde quando nem com quais resultados operacionais, mas, com certeza, foi projetada e, em seguida, levantada (falamos do período imediatamente após os assassinatos de Falcone e Borsellino) uma superestrutura que compreendia as duas organizações.
A assim chamada “Cosa Nuova”, põe nos registros o arrependido, Gaetano Costa, ex-membro do clã Piromalli, o mais perto aos Corleoneses de Riina e do falecido Provenzano.
“Tratava-se – continua o colaborador – de uma espécie de organização mafiosa de vértice que inclui tanto os elementos de peso da Cosa Nostra quanto aqueles da ‘Ndrangheta”.
Troca de favores
Isto teria permitido uma troca de favores ainda mais intenso e contínuo entre a Sicília e a Calábria.
Cosa Nostra servia também para inserir de modo mais orgânico na trama do crime organizado italiano, pessoas insuspeitas ligadas com entidades políticas, institucionais e maçônicas”.
As declarações que vão junto com aqueles de Gioacchino Pennino, ex-membro do partido dos democratas-cristãos na Sicília e colaborador com as autoridades judiciárias.
“Confirmo que o meu tio – diz ele – Gioacchino Pennino, um homem honrado da família Brancaccio, me confidenciou de ser um fugitivo, nos anos 60, hospedado pelo clã Nuvoletta em Napoles”.
Isso não surpreende porque Cosa Nostra, ’Ndrangheta, Camorra e Sacra Corona Unita estão desde sempre unidas entre elas. Seria melhor dizer são uma Coisa só.
“A partir daí meu tio foi na Calábria, onde me disse que ele havia se juntando aos maçons, a ’Ndrangheta, aos serviços secretos e políticos para fazer negócios e gerenciar o poder. Uma espécie de comitê de negócios perene e estável”.
Mas não estão apenas dois colaboradores históricos a falar sobre um vínculo muito próximo da Cosa Nostra e ‘Ndrangheta com a Maçonaria.
Até mesmo Gaspare Spatuzza, antigo assassino de Brancaccio, o arrependido que reescreveu a fase operacional do massacre de Via D’Amelio, conta a um procurador público de uma linha comum entre a Sicília e a Calábria, capaz de influenciar os mais altos círculos do poder.
“Tratava-se de ajustar este processo no Supremo Tribunal, e foi Giuseppe Graviano, a me explicar que foram os amigos calabreses, em particular do clã Molé-Piromalli, que se mobilizou a pedido de Mariano Agate. Mariano Agate exponente de vértice de Cosa Nostra é certamente considerado, assim como me explicaram os irmãos Gravano, e como eu compreendi estando na organização, a peça de conexão entre Cosa Nostra e ‘Ndrangheta”.
Foram todos os fatos que levaram o juiz de investigações preliminares Domenico Santoro a escrever que, “se aproxima com maior clareza a ligação entre ‘Ndrangheta e Máfia Siciliana, uma união que dá notícia da considerada Cosa Nuova, uma grande estrutura mafiosa, uma ponte entre as instituições e a Maçonaria que, especialmente na Sicilia e na Calábria, já estava em estreita correlação com as organizações mafiosas”.
Conclusão
O plano de um superclã mafioso já existia no passado e, para seu desenvolvimento, se pôs em primeira pessoa o chefe dos chefes Totò Riina que, várias vezes, ao longo dos anos de seu comando, foi à Calábria para participar as mais importantes reuniões com a ‘Ndrangheta.
Além disso, a ideia de um “Estado mafioso” sempre atraiu a Cosa Nostra, e não só; basta pensar, por exemplo, ao golpe de Michele Sindona, o maçom que queria entregar o sul da Itália nas mãos de organizações criminosas.
A relação máfia e poder, e a apetência das máfias pela maçonaria, é uma realidade que também existe em Portugal. No entanto, a máfia portuguesa ( a verdadeira, com influencia de Italia no inicio do século XX) não usa armas nem faz sangue, mas nao e menos fatal. Infelizmente as queixas policiais aqui colocadas caem em saco roto, dada a infiltração da mafia no poder e na economia e sobretudo o total silencio que faz com que as pessoas comuns imaginem que a mafia e uma coisa de Italia. Esta mensagem é um pouco “atrevida” pois fora do grupo quase ninguém a conhece. Excepto as vitimas que parece falarem para o deserto, ate que a difamação, o isolamento ou um acidente as fazem calar de uma vez por todas.