A legitimidade social da Máfia se construiu, nas últimas décadas, graças a uma indústria paralela que desfruta da marca (ou “Brand da Máfia”) para obter lucros. Esse uso da Máfia é feito especialmente no exterior, enfatizando os valores positivos das organizações mafiosas. Obviamente, Cosa Nostra tira vantagem de tudo isso.
Marca e publicidade
O paradoxo que se obteve utilizando a marca da Máfia é aquele de fornecer publicidade de graça à Cosa Nostra, que aceita com vontade de ser legitimada em frente à sociedade civil de todo o mundo.
Sobretudo no exterior, onde não se há consciência do fenômeno mafioso tanto quanto se tem na Itália. No entanto, na maior parte das vezes, a Máfia é vista como um problema italiano.
Produzindo camisetas ou games com o tema de Máfia, não há nada que renda mais forte que a imagem desta organização criminosa.
A marca Máfia não provoca a invisibilidade da organização, pelo contrário, torna-se mais visível. Essa visão, entretanto, não traz consequências negativas para Cosa Nostra.
Na verdade, é apresentada uma imagem positiva da Máfia, associada a valores como a família, o respeito pelas regras, honra e força. Portanto, a presença dos “Brand Máfia” traz benefícios para Cosa Nostra em vez de deslegitimá-la aos olhos da sociedade.
É por meio do uso dessas marcas que se reposiciona a ideia de Máfia.
Na verdade, não vem apresentada como uma organização criminosa que destrói as economias dos países e se infiltram nas instituições e que comete violência e homicídios. Todavia, se apresenta uma Máfia mitificada, feita de poder, dinheiro e prestígio, na qual as pessoas deveriam se inspirar.
O “Brand Máfia” é utilizado por todos, inclusive nos setores comerciais e de venda ao público.
A Máfia no cinema
A indústria cinematográfica tem utilizado a Máfia como sujeito por inumeráveis filmes produzidos em todo o mundo. Provavelmente, o mais visto e conhecido por todos é “The Godfather”, ou O Poderoso chefão.
Direto de 1972, de Francis Ford Coppola, é o primeiro de uma trilogia inspirada do romance homônimo de Mario Puzo. Os Intocáveis, filme de 1987, dirigido por Brian de Palma, arrecadou 76 milhões de dólares. Fala sobre Chicago nos anos 1930, época da Era da Proibição.
Também na Itália foram produzidos inúmeros filmes sobre a Máfia. Entre os mais famosos podemos citar os dirigidos por Damiano Damiani “ Il giorno della civetta”, “Perché si uccide un magistrato”, “Un uomo in ginocchio” e “Pizza Connection”.
O filme de Marco Tullio Giordana “Il cento passi”, vencedor de cinco David Donatello, em 2001, conta a vida de Peppino Impastato, executado pela Máfia.
Um dos mais recentes sobre a Camorra foi dirigido por Matteo Garrone. “Gomorra”, do livro de Roberto Saviano, obteve numerosos reconhecimentos, entre os quais “Gran Premio della Giuria” no festival de Cannes e cinco prêmios ao European Film Awards, em 2008.
A Máfia na televisão
Não só o cinema está interessado no assunto da Máfia. Foram produzidas também várias séries para a televisão. Na Itália, fez sucesso a série “La piovra”, produzido entre 1984 a 2001, além de “Ultimo”, “Il capo dei capi” e “L’ultimo padrino.
Nos Estados Unidos, a série de TV “Os Sopranos“, produzida entre 1999 a 2007, teve um enorme sucesso, mas também muitas críticas. A Fundação Nacional Ítalo-Americana manteve ressalvas, alegando que a série facilita os estereótipos típicos de ítalo-americanos, retratados como gângsters, adúlteros e portadores de uma subcultura que tem como principais características a violência e a vulgaridade intelectual.
Em 2001, o ex-governador do Estado de Nova York, Mario Cuomo, expressou sua oposição à série. Ele a chamou de “um perigo para a sociedade, especialmente para os jovens”.
A Máfia nos jogos
Além do cinema e da televisão, a Máfia também está utilizado o mundo virtual. Há muitos videogames que têm como contexto a Máfia ou simplesmente usam o seu nome para se identificar. O jogo “Máfia: the city of lost heaven fez muito sucesso quando lançado, em 2002. O personagem principal é Thomas Angelo, um motorista de táxi na cidade de Lost Heaven, provavelmente inspirada pela Nova York dos anos 1930, período em que se desenvolve a trama.
O objetivo do jogo é escalar a organização da Máfia chefiada por Don Salieri. Do filme “O Poderoso Chefão”, em 2006, foi criado um jogo para Console e PC. O “game” conta a trama do primeiro filme, reproduzindo fielmente os cenários dos anos 1940, também em Nova York.
Al Pacino e Francis Ford Coppola consideram os videogames violentos e moralmente prejudiciais. Neles, você atira, compra armas no mercado negro, rouba bancos e carros, tudo com bastante violência.
Em “The Escape”, o usuário é membro de um clã da Máfia e deve acompanhar o carro do chefe. Deve protegê-lo tanto do ataque de outros grupos criminosos, quanto por policiais que querem capturá-lo.
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A Máfia na moda
O mundo da moda não parece ser imune ao charme da Máfia. Dolce & Gabbana, uma das mais famosas casas de moda italianas no mundo, criou uma coleção que faz voltar aos anos 1970 e, em particular, ao modo de se vestir do célebre arrependido Buscetta. Domenico Dolce e Stefano Gabbana, criadores da marca, elogiaram o estilo e o galanteio do chefe da Máfia que usava óculos pretos e camisas coloridas.
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A Máfia na música
“La musica della mafia”. Assim é chamada a trilogia de CDs, em que estão as histórias, provérbios, hábitos, rituais e tudo a respeito da ‘Ndrangheta.
A caixa de CD inclui um folheto com letras em dialeto calabrês e traduzido para o alemão e inglês. Contém também fotos de tatuagens de prisioneiros. “Le canzoni dell’onorata società”, o último CD produzido por “Mazza music”, em 2011, pode ser comprado no site da Mondadori.
É interessante notar como muitos dos CDs são vendidos também na Alemanha. O resultado que se obtém no exterior é aquele de associar a Máfia à cultura tradicional do sul. Toda a produção musical de Angelo Furfaro, com a etiqueta de Elca Sound of Reggio Calabria, está disponível no site mencionado no parágrafo acima.
Em “Pensieri di un latitante”, o protagonista da peça musical quer um “mundo sem mais policiais”, recorda os amigos de cada uma das cidades da planície de Gioia Tauro e presta homenagem à ‘ndrina (família), à’ Ndrangheta, aos contabilistas dos sgarristi, picciotti e capobastoni.
Máfia e tecnologia
A Máfia também foi legitimada por meio de aplicações disponíveis no site da Apple. Em 2010, foi de fato disponível um app, criado nos Estados Unidos, para iPhone, iPod e iPad, chamada “What Country”. No app, a Itália estava associada a “pizza, Máfia, massas e scooters“. Além dessas quatro palavras, foi feita uma breve descrição do país:
“A Máfia na Itália é grande. Nenhuma surpresa! É conhecida como ‘Ndrangheta, Camorra e Cosa Nostra. A Máfia Italiana talvez seja mais bem conhecida por suas tradicionais atividades criminosas, tais como extorsão e racket da prostituição. Hoje, no entanto, tornou-se muito mais sofisticada e diversificada em seu portfólio de atividades criminosas. MáfiaConstitui uma formidável força econômica que representa cerca de 10% do PIB. O faturamento anual da Máfiaé estimado em 10 milhões de euros”.
– Fonte WikiMafia
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